Editora: Millenium
Páginas: 133
Publicação: 2016
Em 1927, os
pastores americanos John Brown e Roger Wilcox viajavam para o interior do
Amazonas. Eles tiveram a missão de começar a evangelização nas comunidades dos
ribeirinhos daquele lugar. Após conhecerem Salomão Levi, em uma das conversas
Salomão citou seu amigo José Batista Michiles, que o presenteou com o livro
sagrado. Mal sabiam eles que o kit de evangelização para José Batista faria
mudar seus ideais, enfim guardando o sábado. Ali a semente foi lançada e logo
eles começariam a colher com alegria os frutos. Em 1928, os pastores retornaram
à cidade de Maués.
Outro nome
importante para o início da Igreja Adventista no Brasil é Leo Halliwell. Sua
família aceitou o chamado missionário para o Brasil. Ele foi presidente da
Igreja Adventista baiana. Em 1925, Halliwell e Gustavo Storch (obreiro,
secretário e tradutor), foram ordenados ministros. Leo permaneceu na Bahia
durante sete anos. No final de 1928, se tornou presidente da Missão Baixo
Amazonas. Através de doações, Leo construiu uma lancha, no intuito de se
locomover alcançar lugares onde iria pregar com segurança. Essa lancha tornou
algo importante naquela época, pois foi consultório médico e sala pastoral.
Inclusive ali era a casa da família Halliwell. Jessie era a esposa de Leo e o apoiava
em tudo.
Um dos
percursores da evangelização do Amazonas da Igreja Adventista, José Batista
Michiles, influenciou e motivou alguns de seus filhos a seguir o caminho. Foi
da família Michiles que surgiu o primeiro pastor adventista da região (Erison),
a primeira presidente da AFAM - Ala Feminina da Associação Ministerial, que reunia
esposa de pastores – (Sonila) e a primeira senadora do Brasil (Eunice).
Outra família
pioneira foi a dos Albuquerque. Davino, filho de um coronel que tratava seus
escravos por igual, fazia parte de uma família tradicionalmente católica, foi
espião, para vigiar o que acontecia nas reuniões adventistas. Ele fez amizade
com Leo Halliwell. Através da mensagem de seu amigo, ele e sua família se
converteram. Davino se tornou um servo ativo. Pregando, visitando e até
recebendo pessoas em sua casa na Conferência que os adventistas faziam em
março.
"Hoje, ninguém mais vai para o campo missionário por amor, estamos carentes de missionários por vocação. Também estamos carentes de bons pastores, eles não visitam mais os membros, não vão atrás dos necessitados, das viúvas, dos órfãos. Para ser missionário, a pessoa tem que sentir o chamado de Deus. Aos jovens que querem ser missionários eu digo que prossigam e não desanimem. A obra de Deus sempre foi feita com sacrifício e sempre será assim. Mas aquele que segue nos caminhos de Deus, vence. (FONSECA, 2005)"
Muitas
pessoas foram responsáveis para o crescimento da Igreja Adventista no Brasil.
As famílias Muniz, Kettle, Maciel, Gnutzmann, entre outras, merecem o
reconhecimento depois de muitas lutas, a falta de recursos na região, muito
suor, perseguições. Pessoas que não tinham nenhuma pretensão de ficar ricas e
muito menos de reconhecimento. O objetivo era unânime: pregar a palavra e fazer
com que as pessoas fossem salvas. Isso é admirável comparando aos tempos
atuais, em que a prosperidade é uma busca tão assídua. Os pioneiros da Igreja Adventista não tinham a ambição do ter, mas sim de ser e fazer. A preocupação
com o próximo, o orgulho de praticar trabalhos sociais eram revigorantes. Isso
tudo sem nenhuma murmuração, pelo contrário, com muito vigor e alegria praticavam
literalmente o ajudar e o amor o próximo.
Como
estudante de jornalismo e cristão, a leitura de Uma Igreja na Selva, foi muito
enriquecedora. Além de aprender a estrutura de um livro-reportagem, extraí e
aprendi muito sobre a origem da Igreja Adventista no Brasil. Amazonas, uma
região tão distante para muitos, mas que foi dali que a semente foi lançada
para vidas fossem salvas, famílias reestruturadas e mudadas.
"Na maioria das vezes pensamos que o trabalho missionário é somente responsabilidade do pastor da igreja. Não é bem assim. Na época de Jesus não era só Ele quem pregava o Evangelho."
A escrita de
Loriza é fluida e envolvente. Apesar de ter um teor histórico na obra, ela o trabalhou de forma natural e ágil. Percebe-se que a pesquisa para o livro foi
minuciosa, pois a autora trabalha por meio de sentimentos, diálogos e relatos.
Para quem
gosta de biografias, temática religiosa ou tem a curiosidade de saber mais sobre a Igreja Adventista, esse livro é mais do que recomendado. A autora consegue nos levar
aos acontecimentos de forma espontânea e envolvente, trazendo para nós memórias
felizes e tristes, acompanhamos a jornada de sonhos realizados e uma missão
sendo cumprida a cada vida convertida.
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